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Bancada do Amapá apoia PL da Devastação, que ameaça meio ambiente e deve acelerar extração de petróleo na foz do Amazonas

Por: Instituto Mapinguari
Edição: Comitê COP30 

Macapá (AP) – Na madrugada de quinta-feira (17/07), a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei nº 2.159/2021, a Lei Geral do Licenciamento Ambiental, também conhecida como “PL da Devastação”. O projeto flexibiliza as regras do licenciamento ambiental no Brasil, abrindo caminho para a liberação acelerada de grandes empreendimentos, inclusive na Amazônia. A bancada do Amapá teve participação marcante: dois deputados federais votaram a favor, quatro estavam ausentes e apenas um votou contra. O projeto já tinha sido aprovado no Senado em maio, com votos a favor de Davi Alcolumbre (UB), presidente da casa, e de Lucas Barreto (PSD). O senador Randolfe Rodrigues (PT) não participou da sessão.

A votação acontece em meio à maior crise climática da história da Amazônia, com secas recordes, aumento do nível do mar e comunidades ribeirinhas isoladas. Mesmo assim, a maioria da bancada do Amapá optou pelo silêncio ou apoio a um projeto que representa um grave retrocesso socioambiental.

Como votou a bancada do Amapá:

Senado
Davi AlcolumbreUBA favor
Lucas BarretoPSDA favor
Randolfe RodriguesPT Ausente
Câmara
Vinícius GurgelPLA favor
Acácio Favacho MDBA favor
JosenildoPDTAusente
Professora GorethPDTAusente
Augusto PuppioMDBAusente
Sonize BarbosaPLAusente
Dorinaldo MalafaiaPDTContra

Bancada amapaense ignora emergência climática que tem punido amapaenses

A aprovação do PL 2.159/2021 acontece meses após a Amazônia viver sua pior seca da história em 2024. No arquipélago do Bailique, no Amapá, por exemplo, comunidades enfrentam salinização dos rios, destruição de vilas pelo avanço do mar e isolamento completo por conta da seca extrema. O transporte fluvial, único meio de acesso a serviços de saúde e educação, fica paralisado durante os fortes períodos de estiagem. Ainda assim, a maioria da bancada do estado optou por aprovar ou se ausentar da votação de um projeto que pode piorar o cenário ambiental e humanitário. O sofrimento do povo tucuju com as evidentes consequências do aquecimento e da crise climática parece não ter tocado a bancada parlamentar do estado.

O interesse de Davi Alcolumbre na exploração de petróleo

Embora o PL tenha sido aprovado na Câmara, o senador Davi Alcolumbre (União Brasil) tem papel central na articulação política que garantiu apoio ao projeto no Congresso. Como presidente do Senado, foi dele a iniciativa de incluir no texto final do PL a Licença Ambiental Especial (LAE) — um mecanismo que obriga o licenciamento ambiental a ser emitido em até 12 meses para obras consideradas estratégicas pelo Executivo Federal. Entre os projetos que devem ser favorecidos está a exploração de petróleo na Margem Equatorial, especialmente na costa do Amapá.

Alcolumbre também tem interesses econômicos diretos no setor de petróleo: sua família é dona de postos de combustíveis no Amapá e pode lucrar com o avanço da cadeia produtiva do petróleo e gás na região. A aprovação do projeto, portanto, alimenta suspeitas de conflito de interesses.

Outro ponto polêmico do PL é a criação da Licença Ambiental por Adesão e Compromisso (LAC), que dispensa análise prévia dos órgãos ambientais: o próprio empresário poderá declarar sua operação como licenciada, abrindo espaço para abusos, degradação ambiental e violações de direitos de comunidades afetadas de forma ainda mais fácil.


O caminho que queremos
O caminho que é ao contrário do que está se desenhando pelo parlamento. É necessário ação para uma transição energética  sque seja efetivamente justa. Por isso cronstruimos o documento Nossa Chance: Uma NDC Ambiciosa Para Adiar o Fim Do Mundo. é uma mobilização esperançosa e ousada que chama à ação, para garantirmos que as soluções climáticas combatam as desigualdades e estejam alinhadas às especificidades socioeconômicas, culturais e ambientais dos territórios, especialmente das regiões Norte e Nordeste do Brasil.
Dentre as nossas proposta estão: 

  • Tributação de lucros de empresas de combustíveis fósseis e direcionamento dos recursos para a transição energética, investimento em energias renováveis e compensação de perdas e danos causados pela mudança do clima; 
  • Retirar subsídios de combustíveis fósseis e outros setores potencialmente poluidores e direcioná-los para energias renováveis, infraestrutura verde e incentivos à agricultura sustentável;

Um estado vulnerável, uma bancada conivente

Com exceção de Dorinaldo Malafaia (PDT), toda a bancada do Amapá na Câmara votou a favor ou se omitiu na votação. No Senado, Davi Alcolumbre e Lucas Barreto apoiam publicamente o projeto. Randolfe Rodrigues (PT), líder do governo, se ausentou desta importante votação para o Amapá.

A aprovação do PL da Devastação escancara a contradição de um estado severamente atingido pelas mudanças climáticas ter representantes que escolhem facilitar o avanço de obras predatórias em vez de lutar pela proteção de seus territórios e povos.  O silêncio de quem se calou e foi conivente também deverá custar caro à população do Amapá, sobretudo sua parcela mais pobre. Afinal, quem mais sofrerá com o calor intenso, enchentes, secas severas e toda sorte de efeitos da emergência climática serão ribeirinhos, quilombolas, indígenas e moradores de áreas mais periféricas e vulneráveis, não os ricos parlamentares no conforto de seus escritórios e confortáveis residências.

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